Espécie endêmica do Brasil (Flora do Brasil 2020 em construção, 2020), com distribuição: no estado de Minas Gerais — nos municípios Barão de Cocais, Caratinga, Carandaí, Catas Altas, Mariana e Ouro Preto.
Árvore de até 10 m, endêmica do Brasil (Flora do Brasil 2020 em construção, 2020), foi documentada em Floresta Estacional Decidual e Semidecidual na transição da Mata Atlântica com o Cerrado em Minas Gerais, nos municípios de Barão de Cocais, Caratinga, Carandaí, Catas Altas, Mariana e Ouro Preto. Apresenta distribuição conhecida restrita, EOO=6033 km², seis situações de ameaça, considerando o distinto grau de deterioração observado em cada localidade de ocorrência, e somente seis subpopulações conhecidas. Destas, apenas uma está em área protegida, e existem evidências de que as subpopulações dos municípios de Mariana e Caratinga podem ter sido afetadas pelo rompimento da barragem de São Marcos, na bacia do Rio Doce (Mansano, et al., 2016). Adicionalmente, sabe-se que na Serra do Caraça, há atividade turística desordenada que impacta a vegetação, direta e indiretamente (Machado, 2008). Ainda, sabe-se que na Mata Atlântica remanescente em Minas Gerais, a conversão do uso da terra para atividade agropecuária é um dos principais vetores de modificação paisagem e perda de biodiversidade (Joly et al., 2019). Desmatamento para estabelecimento de pastagens ocorrem na maior parte das suas áreas de ocorrência conhecida, e ocasionam eventos de incêndios severos por toda a região, que tem se amplificado de forma premente e ainda não tem seus impactos sobre as subpopulações de S. hilaireiana totalmente compreendidos. Finalmente, os impactos da mineração de ferro, alterando significativamente a paisagem dos locais de ocorrência da espécie, também representam severo vetor de pressão sobre as subpopulações (Machado, 2008). Diante deste cenário, portanto, S. hilaireiana é considerada Vulnerável (VU) a extinção nesta ocasião. Recomendam-se ações de pesquisa (busca por novas áreas de ocorrência, censo e tendências populacionais, estudos de viabilidade populacional) e conservação (Plano de Ação, busca pela espécie em áreas protegidas com habitat potencial) urgentes a fim de se garantir sua perpetuação na natureza no futuro, pois as pressões verificadas ao longo de sua distribuição podem ampliar seu risco de extinção.
Descrita em: Phytotaxa 253(2), 156, 2016.
Estresse | Ameaça | Declínio | Tempo | Incidência | Severidade |
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1.1 Ecosystem conversion | 2.1.3 Agro-industry farming | habitat | past,present,future | national | very high |
O Cerrado contém extensas áreas em condições favoráveis à agricultura intensiva e à pecuária extensiva, sendo cerca de 40% da área convertida para estes usos (Rachid et al., 2013). A expansão agrícola no Cerrado vem sendo estimulada por diversos incentivos governamentais, tais como os programas de biocombustíveis e desenvolvimento do Cerrado, ou de assistência técnica (Bojanic, 2017, Fearnside, 2001, Gauder et al., 2011, Koizumi, 2014, Moreddu et al., 2017, Pereira et al., 2012, Rachid et al., 2013, Ratter et al., 1997), a fim de suprir a crescente demanda do mercado internacional (Gauder et al., 2011, Pereira et al., 2012). Essa região é responsável pela produção de cerca de 49% dos grãos no Brasil (Rachid et al., 2013), em particular a soja, o milho e o algodão (Bojanic, 2017, Castro et al., 2010, Ratter et al., 1997). O Cerrado brasileiro sofreu perdas particularmente pesadas para o avanço da soja (Fearnside, 2001), tendo cerca de 10,5% de sua área ocupada por culturas agrícolas (Sano et al., 2008). Além de ser considerado o celeiro brasileiro devido à produção de grão (Pereira et al., 2012), extensas áreas de Cerrado têm sido ocupadas pela cana-de-açúcar (Castro et al., 2010, Koizumi, 2014, Loarie et al., 2011, Rachid et al., 2013), sendo o Brasil o mais importante produtor de açúcar do mundo (Galdos et al., 2009, Gauder et al., 2011, Pereira et al., 2012). Recentemente, a expansão da produção de cana-de-açúcar no Cerrado tem sido motivada por programas governamentais destinados a promover o setor sucroalcooleiro, especialmente para a produção de agroenergia e bioetanol devido a importância econômica que assumiram no mercado internacional (Gauder et al., 2011, Koizumi, 2014, Loarie et al., 2011, Pereira et al., 2012, Rachid et al., 2013). O Brasil é o segundo maior produtor de etanol do mundo (Mielnik et al., 2017). Segundo Rachid et al., (2013), as áreas cultivadas nos estados de Goiás e Mato Grosso do Sul cresceram mais de 300% nos últimos 5 anos. Essa expansão ocorre principalmente por meio da substituição de áreas agrícolas estabelecidas (pastagem e campos de soja e milho) por cana-de-açúcar, forçando a expansão dessas atividades sobre novas áreas de floresta ou Cerrado (Castro et al., 2010, Koizumi, 2014, Loarie et al., 2011, Rachid et al., 2013). Ainda, a produção de cana-de-açúcar por muitos anos esteve associada às queimadas dos canaviais realizadas pré-colheita, causando impactos ambientais sobre diferentes componentes do ecossistema (Galdos et al., 2009, Rachid et al., 2013). | |||||
Referências:
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Estresse | Ameaça | Declínio | Tempo | Incidência | Severidade |
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1.1 Ecosystem conversion | 2.3.3 Agro-industry grazing, ranching or farming | habitat | past,present,future | national | very high |
A produção de carne e de leite tem crescido consideravelmente no Brasil nas últimas décadas, atingindo, em 2018-19, ca. 26 milhões de toneladas e 34,4 bilhões de litros, e a previsão oficial é de que ambas atividades deverão crescer, respectivamente, a uma taxa anual de 3,0% e a entre 2,0 e 2,8% nos próximos 10 anos (MAPA, 2019). Na Mata Atlântica, a conversão do uso da terra para atividades agropecuária é um dos principais vetores de modificação, causadores de perda de biodiversidade (Joly et al., 2019). Segundo dados da Fundação SOS Mata Atlântica do período de 2019, da área total de 130.973.638 ha da Área de Aplicação da Lei da Mata Atlântica - AALMA (Lei nº 11.428/06), apenas ca. 19.936.323 ha (15,2%) correspondiam a áreas naturais (Fundação SOS Mata Atlântica e INPE, 2020). Em levantamentos relativos a 2018, as áreas de pastagens ocupavam entre ca. 39.854.360 ha (30,4% da AALMA) (Lapig, 2020) e ca. 50.975.705 ha (39% da AALMA) (MapBiomas, 2020), dentre os quais 36.193.076 ha foram classificados como pastagens e 14.782.629 ha como Mosaico de Agricultura ou Pastagem. Na Mata atlântica, a partir de 2002 foi registrado um decréscimo das áreas ocupadas por pastagens como decorrência da intensificação da pecuária (Parente et al., 2019). Apesar disso, esses autores verificaram a expansão de áreas ocupadas por atividades agricultura de larga escala (cana-de-açúcar e soja), que ocupa espaços antes destinados à pecuária mais extensiva. | |||||
Referências:
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Estresse | Ameaça | Declínio | Tempo | Incidência | Severidade |
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1.2 Ecosystem degradation | 3.2 Mining & quarrying | habitat | past,present,future | national | very high |
Afloramentos graníticos estão sofrendo um conjunto particular de ameaças, incluindo exploração de pedreiras, mineração e invasões biológicas (Porembski, 2000, Forzza et al., 2003, Martinelli, 2007). A perda e a alteração de habitat no Cerrado também está vinculada a atividade de mineração desenvolvida em vários estados de sua ocorrência (Fernandes et al., 2011, 2014, Jacobi e Carmo, 2008). Na região do Cerrado há dois principais centro de exploração mineral, sendo um deles situado em Goiás onde destaca-se o município de Niquelândia (Fernandes et al., 2011) e o outro em Minas Gerais, cuja a região do quadrilátero ferrífero e Espinhaço Meridional concentram a maior parte das atividades (Carmo e Jacobi, 2012, Fernandes et al., 2011, 2014, Jacobi e Carmo, 2008). Nas últimas quatro décadas o Quadrilátero Ferrífero já perdeu milhares de hectares de cangas, pelo menos 40% da área total, devido principalmente ao efeito direto da ocorrência de 46 minas de extração de minério de ferro (Carmo e Jacobi, 2012). Tal atividade tem provocados danos ambientais imensuráveis, dentre eles, o maior desastre ambiental após o rompimento de uma das barragens de rejeitos minerais (Escobar, 2015, Neves et al., 2016). A perda e alteração de habitats são há muito reconhecidas como principais ameaças à biodiversidade mundial. Nos afloramentos de ferro brasileiro, esse processo ocorre basicamente em associação com as atividades de mineração. A região é uma das principais produtoras de minerais metálicos do mundo, especialmente minério de ferro superficial. A intensa atividade de mineração implica uma completa alteração da paisagem, com enormes impactos na biodiversidade local e regional. Devido à sua área muito restrita, difícil acesso e por estarem associadas a depósitos de minério de ferro de alta qualidade, as comunidades vegetais sobre a canga estão entre as mais ameaçadas e menos estudadas nos ecossistemas amplamente pesquisados no sudeste do Brasil (Jacobi e Carmo, 2008). A região do do sudeste do quadrilátero ferrífero abarca os municípios de Ouro Preto e Mariana. Nessa região, a alta diversidade e a ocorrência de espécies raras, microendêmicas e ameaçadas de extinção, evidencia a necessidade da conservação de cangas . No entanto, devido ao alto interesse minerário, essas áreas estão extremamente ameaçadas (Messias e Carmo, 2015). Em 5 de novembro de 2015, o Brasil assistiu a um dos piores desastres ambientais de sua história. Uma onda de lama enterrou Bento Rodrigues, uma vila no município de Mariana, localizada na Serra do Espinhaço, no estado de Minas Gerais (Escobar, 2015). Casas e o patrimônio histórico, cultural e natural da vila inundados por sessenta e dois milhões de m3 de lodo, deixando 19 mortos, 3 desaparecidos e mais de 600 desabrigados (Neves et al., 2016). A cidade de Ouro Preto (MG) foi fundada e desenvolvida a partir do descobrimento de depósitos de ouro aluvionar no final do século XVII, tendo rapidamente se tornado o segundo maior centro populacional na América latina e a capital da província de minas Gerais. O auge da corrida do ouro ocorreu durante os primeiros quarteis do século XVIII com intensas atividades mineradoras subterrâneas e a céu aberto, em vales e encostas. A partir do século XIX e início do século XX a cidade sofreu um esvaziamento econômico e político devido à mudança da capital do estado para Belo horizonte. O desenvolvimento retornou em 1950 em Ouro Preto com as atividades de mineração de ferro (Sobreira e Fonseca, 2001). Até o ano de 2014 quase 90% da arrecadação do município estava baseado em 19 empresas que atuavam diretamente com extração mineral. A atividade mineradora foi responsável pelo crescimento do PIB em 193% entre os anos de 2005 e 2011 (Mariano, 2014). Atividade mineradora em expansão, nas minas de Fazendão e Lavra Azul, no município de Catas Altas, em Minas Gerais (Santos, 2010). E na Serra do Caraça, houve mineração de ouro e hoje há atividade mineradora de ferro alterando significativamente a paisagem do lugar (Machado, 2008). | |||||
Referências:
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Estresse | Ameaça | Declínio | Tempo | Incidência | Severidade |
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1.1 Ecosystem conversion | 4.1 Roads & railroads | habitat | past,present,future | national | high |
A constante expansão de estradas é um fator que contribui para a perda de biodiversidade e degradação florestal no Cerrado (Joly et al., 2019). A construção de estradas é um dos fatores que mais contribui para a degradação do Cerrado, sendo um dos maiores fatores de fragmentação conhecidos atualmente, pois causa recortes em extensas massas contínuas de biota natural. As estradas promovem a fragmentação de habitat, que é uma das principais causas da deterioração do sucesso reprodutivo das plantas podendo reduzir sua área de ocorrência, sua população, e até mesmo, levar a extinção local (Costa et al., 2019). A constante expansão de estradas é um fator que contribui para a perda de biodiversidade e degradação florestal na Mata Atlântica (Joly et al., 2019). Costa et al (2019) confirmaram pela primeira vez os efeitos à biodiversidade ocasionado pela construção e pavimentação de rodovias, bem como o tráfego intenso de veículos no Bioma da Mata Atlântica, que podem se estender por muitos metros além da estrada, tendo efeito direto na mortalidade e diversidade das no fragmento. | |||||
Referências:
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Estresse | Ameaça | Declínio | Tempo | Incidência | Severidade |
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1.1 Ecosystem conversion | 1.1 Housing & urban areas | habitat,locality,occupancy,occurrence | past,present | local | medium |
Em Ouro Preto, no estado de Minas Gerais, onde o crescimento urbano somado à falta de planejamento da ocupação do meio físico, geram grandes problemas aos ecossistemas naturais (Sobreira e Fonseca, 2001). | |||||
Referências:
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Estresse | Ameaça | Declínio | Tempo | Incidência | Severidade |
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1.2 Ecosystem degradation | 1.3 Tourism & recreation areas | habitat,locality,occupancy | past,present | regional | medium |
Os atrativos histórico-culturais e agora ambientais têm impulsionado o turismo nas cidades de Mariana e Ouro Preto (Ostanello et al., 2013). Na Serra do Caraça em Catas Altas há atividade turística desordenada (Machado, 2008). Os problemas ambientais do ecoturismo praticado em Lavras Novas estão sendo potencializados, devido à atividade não ter sido planejada e tão pouco disciplinada, isto pelo fato de se ter comprovado, através de observação in loco e de relatos dos diferentes atores sociais envolvidos, a ocorrência de muitos problemas ambientais de ordens física, biótica e antrópica. Essa situação ocorre pela falta de planejamento e ordenamento da atividade, certamente devido à ausência de uma política pública eficaz para o setor turístico no Município de Ouro Preto (Gomes et al., 2003). | |||||
Referências:
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Estresse | Ameaça | Declínio | Tempo | Incidência | Severidade |
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1.1 Ecosystem conversion | 2.2.3 Scale Unknown/Unrecorded | locality,habitat,occupancy | past,present | regional | high |
Os municípios Barão de Cocais (MG), Catas Altas (MG) e Ipaba (MG) possuem, respectivamente, 8,38% (2850ha), 13,96% (3352ha) e 22,21% (2515ha) de seus territórios convertidos em áreas de silvicultura, segundo dados de 2018 (IBGE, 2020). | |||||
Referências:
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Ação | Situação |
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5.1.2 National level | needed |
A espécie ocorre em território que poderá ser contemplado por Plano de Ação Nacional (PAN) Territorial, no âmbito do projeto GEF Pró-Espécies - Todos Contra a Extinção: Território Espinhaco Mineiro - 10 (MG). |
Ação | Situação |
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1.1 Site/area protection | on going |
A espécie foi registrada nas seguintes Unidades de Conservação: Área de Proteção Ambiental Sul-Rmbh e Parque Estadual do Itacolomi. |
Ação | Situação |
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5.4.2 National level | on going |
A espécie foi avaliada em Mansano, et al. (2016) como Vulnerável (VU) utilizando o software GeoCAT, foram definido os critérios: (critério B1) pela extensão de ocorrência (EOO); (B1a) por ser conhecida em apenas seis localidades e declínio contínuo inferido na extensão e qualidade do habitat (B1b). | |
Referências:
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Uso | Proveniência | Recurso |
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17. Unknown | ||
Não existem dados sobre usos efetivos ou potenciais. |